segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

10- Segunda-feira

Postado por Vanessa Paganotti às 13:39 0 comentários

Eu me sentia perdida do tempo naquela cama de hospital, as horas nunca passavam e depois do médico não receitar mais os anestésicos para dormir, eu praticamente ficava o tempo todo acordada. Eu ficaria aqui até a quinta feira em observação - como sempre dizem os médicos – e em dois dias minha família inteira já havia me visitado. Sem exageros, minha mãe realmente queria que todos ficassem sabendo. Bom, eu acho que eram dois, na minha cabeça, já era segunda-feira. Sofia havia vindo uma vez e me ligado várias vezes, ela estava sendo muito atenciosa. Já Maísa não pôde vir, sua mãe não queria que ela viesse até o hospital por causa do clima ruim que é aqui, mas ligou muitas vezes também, acho que para recompensar. Acho que a mãe dela está certa, eu também não gostei nada do clima. Pensando, repensando, e foi quando notei um anel na pequena e branca mesa de cabeceira. Era estranho e diferente.

“O que esse anel está fazendo aqui?” – Foi o que eu perguntei pra enfermeira que acabara de entrar no quarto. Acho que nós estávamos nos dando bem, ela era a única que me tirava do tédio. Seu nome era Angélica, já era casada mas não tinha filhos e gostava muito de Dança de salão – informações que trocamos nas nossas horas de conversas. Ela respondeu “Esse anel é a marca registrada do seu herói. Ele ou ela deixou cair na hora que ajudou a tirar você do carro.”

Tá aí uma coisa que eu estava disposta a descobrir, como assim uma pessoa salva minha vida e não fala quem é? Será que o anel foi deixado de propósito? Talvez. Ou talvez, a pessoa não queria mesmo ser identificada e em um descuido deixou escapar essa “pista”... E agora? Eu teria que descobrir, pois precisava agradecer por salvar minha vida.

Após a saída de Angélica, fiquei com meus pensamentos, e acho que era a única vez que estava sozinha. Mamãe não me deixava só até eu convence - lá de que ela precisava comer algo, e assim eu aproveitava pra colocar as coisas na devida ordem na minha cabeça.

A essa altura não é surpresa que o meu primeiro pensamento foi em Andréas, já era de costume pensar nele. Não exatamente O QUE eu pensava sobre ele, mas só sei que me fazia bem.. Mas ele não apareceu desde a única vez que veio? Será que aconteceu alguma coisa? Queria ter a oportunidade de conversar com ele, porque, mesmo sem dizermos claramente, a gente sabia que tinha algo que nos ligava. Acho que eu estava começando a gostar dessa história. Até minha mãe disse que quando ele veio, parecia muito preocupado e que não saia do meu lado.. até eu acordar.

Eu já pensava nele como uma caverna pra onde eu poderia fugir, longe de todo mundo... realmente um porto seguro. Só mais três dias, eu pensava. E tudo volta ao normal. Só mais umas 72 horinhas, e talvez minha vida mudasse completamente de como era antes, talvez... E eu estava mais ansiosa do que nunca pra que isso acontecesse.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

9- Delírio

Postado por Vanessa Paganotti às 13:21 0 comentários

O silêncio e a escuridão predominaram por pouco tempo. Depois, acho que comecei a delirar, mas era um delírio tão bom que eu tentei aproveitar ao máximo. Eu via meus amigos, talvez em um rio. Todos se divertindo na água, menos eu. Eu estava na grama, deitada e olhando para o céu. Como eu não havia percebido que em dias de sol o céu é tão lindo? Acho que nunca tinha prestado atenção nisso.

Ouvi meus amigos me chamando pra ir até a água, e antes de negar, percebi que o meu preferido não estava ali. É, acho que comecei a assumir que tinha uma preferência por Andréas depois de tanto tempo pensando nele.Foi quando olhei pra trás, e lá estava ele. Estava sentado embaixo de uma árvore. Olhava para o céu também, ele parecia distante, tão distante que não percebeu que eu olhava, indiscretamente, pra ele. Enquanto eu olhava, ele fechou os olhos e logo sorriu. Tentei adivinhar no que ele estaria pensando, mas Andréas ainda era indecifrável para mim. Após abrir os olhos e perceber que eu o estava olhando, ele se levantou e veio até minha direção. Sentou ao meu lado, e logo estávamos deitados na grama. Não falamos nada, e também não precisávamos, só nós sabíamos o quanto era bom aquele momento.

Foi quando senti algo em minha mão, não, eu não estava mais delirando. Meus amigos foram pouco a pouco desaparecendo da minha mente, e a imagem do céu azul foi embaçando, até ficar escura e eu abrir meus olhos. Me assustei quando me vi deitada numa cama estranha e com o Andréas ao meu lado, com os olhos cheio de lágrimas.

“Andréas? O que faz aqui? Onde estou? O que aconteceu?” Foi a única coisa que consegui falar no espanto. Senti um pouco de dor na cabeça e entendi o porque de tantos curativos. Andréas me respondeu calmamente que eu havia sofrido um acidente de carro, mas que meu pai já estava bem. Fiquei aliviada, e sorri.

Meu pai entrou no quarto nessa hora, mancando pelos ferimentos, mais eu sabia que ele estava bem. Começou a me paparicar e disse que minha mãe logo chegaria, disse que Sofia esteve aqui mas que já tinha ido. Foi quando notei que Andréas não estava mais no quarto. Isso me entristeceu. Meu pai sentou-se e me falou para dormir novamente e eu estava mesmo cansada. Fechei os olhos tentando me lembrar do que havia acontecido, mas minha cabeça girava e eu não podia pensar em mais nada.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

8- Inesperado

Postado por Vanessa Paganotti às 09:49 0 comentários
Acordei às 9h com um delicioso café da manhã que meu pai havia pedido no hotel. Enquanto comia, lembrava dos meus últimos pensamentos antes de adormecer. Era realmente uma bobagem. "Porque eu estou me importando? É só um garoto. Como todos os outros." - pensei antes que minha cabeça voltasse a girar. Afinal, eu teria um longo dia pela frente, longo e feliz, eu esperava. A viagem estava me animando muito apesar de não saber pra onde iria e também
esperava que o prazo de viagem se prolongasse até segunda para perder mais um dia de aula e evitar o constrangimento das pessoas me perguntando sobre Andréas. Fui até o quarto arrumar algumas coisas que desarrumara antes de dormir, e após isto, estaria pronta para o tão esperado passeio.

Era 12h36 quando meu pai decidiu sair. Lembro-me do horário pois estava tão ansiosa que olhava para o relógio a cada 5 minutos. Iríamos almoçar em algum lugar e pegaríamos a estrada! - termo que eu adorava usar com meu pai; quando pronunciava, ele sempre dava ênfase à frase.
Após o rápido almoço, estavamos pronto para ir. Papai decidiu sair da cidade pela antiga avenida, afinal, não queríamos trânsito algum atrapalhando nossa diversão e as típicas cantorias. Ao chegarmos na tal avenida - que por sinal eu ainda não conhecia, apesar de morar desde meu nascimento na cidade - não demos tanta sorte. Parece que muitas pessoas resolveram ir lá naquela tarde. Mas pra quê? As pessoas estavam a pé, e circulavam como se a rua não estivesse lá. Papai buzinou várias vezes, mais eram todos jovens, e não saiam da rua de jeito nenhum. A minha impressão era de quê esperavam algo... Mas eu não tinha idéia do que era. Num instante, e do nada, me lembro do arrepio que sentira na noite anterior. Mas esperava que fosse um arrepio sem fundamentos.
O carro estava parado no meio da rua, esperando a boa vontade daqueles jovens eufóricos para podermos passar. Agora eu estava ouvindo um zumbido, um barulho estranho, talvez de um carro. Aumentava cada vez mais, mas ainda estava longe. Meu pai ainda distraindo com a bagunça dos adolescentes não estava ouvindo. Eu ainda estava confusa, daonde está vindo esse barulho? Estava chegando perto, muito perto. Foi quando ouvi um ronco mais forte que me fez olhar para trás. Havia dois carros vindo, e um exatamente em nossa direção. Minhas palavras não saiam, meu pai estava tão irritado que não conseguia pensar em nada. E por incrível que pareça, naquele momento a única coisa que notei foi o rádio ligado. E pela coincidência, uma incrível e inesperada coincidência, minha música estava tocando. Vi o carro em nossa direção, e depois a música parou, tudo era silêncio. E eu? Bom, eu já não via mais nada.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

7- Pensamentos

Postado por Vanessa Paganotti às 14:38 0 comentários
Como meu pai não havia decidido ainda para onde iríamos, passamos o resto da sexta-feira juntos na cidade mesmo. Levamos minhas malas para o hotel onde ele havia se hospedado para evitarmos voltar em casa e ter mais mal estar entre ele e mamãe. Durante a tarde fomos ao cinema, e também ao parque da cidade. E a noite pedimos uma pizza e ficamos no hotel. Era tão divertido e diferente estar com meu pai que eu me sentia inovada, saindo da rotina da minha vida. Após a pizza terminar e os assuntos também, resolvemos ir dormir porque teríamos um longo dia de viagem no sábado que estava por vir. Meu pai já havia decidido aquela tarde para onde iríamos e disse que eu adoraria, mas que seria surpresa e só descobriria quando chegasse lá. Depois de um "Boa noite!" animado e um beijo estalado na bochecha do Sr. Mário, fui para o quarto me recolher.
Pensamentos vieram a tona e um arrepio de repente subiu pela minha espinha. Um pressentimento? Pressentimento do que? De repente lembrei da preocupação óbvia de Sofia na ligação que fora feita pela manhã "Alô Mônica? Você está bem?". Óbvia porque, em modéstia parte, eu nunca tive motivo suficiente pra faltar em qualquer prova, nunca gostei de fazê-la após a data marcada. Depois da breve passagem da preocupação de Sofia, me lembrei do que havia me dito depois. Andréas. Porque eu nunca havia parado para pensar nele antes? Aposto que ele tem bem mais que um rostinho bonito. Aposto ainda que eu ainda ia descobrir o que era. Sempre fui muito boa nisso: descobrir o que ninguém sabe. Já descobri coisas sobre meus familiares, amigas de escola, que ninguém mais sabia. As vezes por coincidência, assumo. Mas na maioria das vezes, acho que foi pelo meu faro investigativo - que na nossa língua se chama curiosidade.
Fiquei ali, horas e horas deitada, e pela primeira vez, adormeci pensando em Andréas.
Pensando em como ele poderia fazer diferença em minha vida, já que parecia, que de alguma forma, eu já fazia diferença na dele. Não sei como, e nem quando surgiu isso. Ou eu estava somente delirando? Eu fazia diferença pra ele? Fazia né? Se não, ele não teria falado aquilo na festa. Não teria dado um soco em Nando e levado suspensão por uma simples palavra provocativa.. Pensando em tudo isso, percebi que eu estava começando a me importar demais com Andréas e que, fazendo isso, ele já estava entrando em minha vida de alguma forma. Mas eu quero isso? Eu quero que alguém entre em minha vida? Eu realmente não tinha certeza da resposta. Acho que foi bem no momento que tentava achar a resposta que eu adormeci.

domingo, 29 de novembro de 2009

6- Acontecimento da semana

Postado por Vanessa Paganotti às 05:55 0 comentários
Eram 10 hr da manhã em ponto, e a ansiedade de minha mãe já estava começando a me deixar nervosa. Tudo bem que ela estava com medo, pois seria a primeira vez que veria meu pai depois da separação, mas contar os minutos já estava começando a ser exagero. Por sorte, meu pai não foi tardio e chegou exatamente às 10:05. Ao ouvir o barulho de seu carro não consegui segurar o sorriso, eu realmente estava com muitas saudades dele. Já a senhora Helena, ao ouvi-lo, sentou-se no sofá e pegou uma revista como se não estivesse interessada na chegada dele.
Com o coração batendo mais rápido, nem esperei ele apertar a campainha. Saí correndo na mesma direção que ele se encontrava e dei-lhe um super abraço. Meu pai sempre foi uma figura forte pra mim: cabelo escuro e olhos castanhos, e era alto, de um jeito que podia me envolver inteira em um pequeno abraço. "Espero que não esteja magoada comigo por ter demorado tanto, mas você sabe, eu estava trabalhando demais.. eu sinto muito mesmo!" disse ele ao meu ouvido. E respondendo, eu disse: "Eu não me importo com isso, o que realmente importa é que agora você está aqui! Venha, entre!"
Após a entrada em casa, o olhar de meu pai cruzou o de minha mãe. Não sei bem como definir aquele olhar, talvez nele tinha um pouco de saudade, mas também havia orgulho para não transparecê-la. O "oi" foi bem seco, o que não me deixou nada a vontade. Chamei-o para ver a decoração nova do meu quarto - que agora estava lilás - como um pretexto para desfazer aquele mal estar. Conversamos sobre tudo: escola, amigos, namorados - que não existiam -, trabalho, viagem... e foi nesse assunto que eu mais me interessei. Meu pai estava lá para me convidar para passar o fim de semana com ele, mas o destino nem ele sabia ao certo. Eu adorei a idéia, afinal, eu e meu pai tínhamos uma afinidade muito grande. Logo depois de aceitar o convite, ele disse que desceria para pedir a minha mãe mas que já era para eu ir arrumando as malas para passar uns 3 dias fora da cidade.
Enquanto separava algumas roupas para a viagem ouvi meu celular tocar. Era Sofia. "Alô Mônica? Você está bem?". A voz de Sofia era tão suave que me passava um certo conforto. "Porque você não foi à escola hoje? Você perdeu a prova de matemática!". Expliquei o porque com a felicidade transbordando por falar de meu pai. "Ahn, que bom que não aconteceu nada de grave.. Mas você também perdeu o acontecimento da semana! E acredite ou não, tudo o que aconteceu, o motivo foi você." Motivo? Acontecimento da semana? Tudo bem que eu não gosto - e nunca gostei - de ir para a escola, mas eu tinha que faltar bem naquele dia? Perguntei o que havia acontecido, mesmo com medo da resposta. "Nando provocou Andréas depois da prova, lá no pátio. Insinuou que você não tinha ido a aula hoje para evitá-lo ou ainda que tinha ficado com algum garoto na festa... e então, Andréas lhe deu um soco!" Eu até esperava essas atitude de Fernando, ou "Nando" como todos o chamam, pois ele sempre foi o encrenqueiro da turma, aliás, acho que é por isso que nunca falei dele aqui. Nossos gênios nunca foram muito parecidos. Mas a atitude de Andréas? O misterioso Andréas? Ele realmente estava me surpreendendo muito durante as últimas horas. Ela continuou: "Os dois levaram suspensão da escola por alguns dias, e todos estão surpresos com a atitude de Andréas. Estranho né?" Estranho? Aquilo já era mais que estranho. Era exagero para defender alguém que ele nem ao menos conhece direito. Fiquei meio paralisada, não sabia o que falar. Acho que minha mãe se encontrava no mesmo estado que eu lá em baixo, na sala, conversando com meu pai."Mônica? Você ainda está aí?", por um segundo havia esquecido Sofia do outro lado da linha. "Estou sim, muito surpresa também! Mas ele não devia estar muito bem, só pode ser isso. Enfim, irei viajar com meu pai esse final de semana, nossas compras poderão ficar para semana que vem?" Após ela concordar e me desejar uma boa viagem, desliguei o celular.
Andréas me surpreendia cada vez mais, mas agora, eu só queria me concentrar em meu pai e na nossa viagem.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

5- Mário Prado

Postado por Vanessa Paganotti às 14:23 0 comentários

Acordei assustada com o barulho do telefone. Olhei meu rádio-relógio que marcava 4:03 da manhã, eu havia chegado há apenas 3 horas. Fiquei imaginando o que tivera acontecido para alguém telefonar naquela hora inapropriada. Coisa boa não deveria ser, pois como dizem: Notícias ruins chegam rápido. Levantei, envolvida pelo lençol, e fui até o telefone na sala, onde minha mãe já havia chegado. Olhei para ela com expressão de alguém curioso, mas o olhar dela me ignorou e ela nada mais respondia ao telefone do que "Ok", "Estaremos esperando", e "Obrigada por avisar" com uma voz seca, ou diria assustada. Nessa hora eu tinha certeza do que era, só uma única pessoa deixava minha mãe daquele jeito: meu pai. Depois da separação que foi há 3 anos, que até hoje não sei bem o motivo - acho que nem eles mesmos sabem -, acho que minha mãe nunca o esqueceu de verdade. Como meu pai viajou a trabalho depois do ocorrido, minha mãe sempre encarou bem quando todos a perguntavam sobre o assunto. Mas com a presença dele aqui era diferente.

Ao colocar o telefone no gancho, perguntei quem era. Ela sacudiu a cabeça como se quisesse que os pensamentos saíssem e respondeu: “Mário Prado”. Não sei porque ela insistia em chamá-lo assim. Pode ser que seja para mostrar para mim que eles não têm mais intimidade, ou para ela mesma. E não, minha mãe não continuou com o sobrenome Prado após a separação. Por uma incrível coincidência eles possuem o mesmo sobrenome sem nenhum parentesco. Melhor para mim, pois não gostaria com um nome gigante cheio de sobrenomes. Ela continuou: “Disse que vem te ver hoje, pois tirou férias depois de 3 anos trabalhando direto. Ele chega às 10 da manhã, e pediu para esperarmos aqui mesmo, sem necessidade de ir ao aeroporto. Então, não precisará ir para escola hoje, volte a dormir”. Eu estava tão surpresa quanto minha mãe, meu pai nunca havia tirado férias depois que saiu de casa. Às vezes telefonava a cada semana, mandava e-mails, mas certamente nunca se esqueceu de mim. Espero que de minha mãe também não.

Ela não falou mais nada. Acho que essa visita surpresa de meu pai realmente mexera com ela. Ela não percebeu, mas enquanto eu subia lentamente as escadas de casa, eu a observava. Sentada no sofá, paralisada. Eu certamente gostaria de saber o que se passava nos pensamentos de minha mãe naquele momento e poder confortá-la de alguma forma, mas eu não sabia o que falar. Resolvi então que ficaria em silêncio mas, desci as escadas novamente, fui até ela e a abracei. Nenhuma palavra, mas acho que naquele momento nos duas conseguimos nos entender mais do que nunca. Uma lágrima caiu dos meus olhos sem perceber, resolvi que então, naquele momentos certas palavras cairiam bem. Então eu disse “Eu te amo mãe.” e simplesmente corri para cima, sem esperar resposta.

Voltei a dormir. Naquele sono, tive um sonho com uma festa. Não me lembro muito bem onde era ou quem estava, mas lembro que era um lugar lindo, e sim, eu estava toda arrumada. Ao fundo tocava minha mais nova música favorita. “She will be loved” tocava lentamente, aliás, parecia que tudo estava em câmera lenta. Eu estava com uma carta de amor na mão, como se esperasse quem a havia escrito, mas eu esperava em vão porque ninguém aparecera.

De repente ouço alguém me chamando: “Mônica? Mônica? Acorde querida, já são 9 horas da manhã e logo seu pai chegará. Você quer mesmo que ele te veja com rosto sonolento e hálito ruim depois de todo esse tempo?”

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

4- A resposta

Postado por Vanessa Paganotti às 15:47 0 comentários
Andreas tinha um certo jeito misterioso, desde que conheci ele na sétima série, nunca conversei com ele sem ser assuntos de escola como trabalhos e provas. Apesar de ser amigo dos garotos mais populares e inquietos da sala, ele não seguia o mesmo nipe deles. Seus olhos azuis sempre estavam distantes, como se ele estivesse em outro lugar, e seus cabelos lisos e castanhos sempre estavam desarrumados, mas de um jeito que dava um certo charme à ele.
Os dois foram os únicos que não demonstraram nenhuma reação ao fato da música ser animada ou não. Logo que Lucas se deu conta que a música animada havia acabado, interferiu na animação da festa com a idéia de um jogo que só saberíamos qual era se aceitássemos antes. Eu, Maísa e Sofia, fomos as primeiras a aceitar com empolgação e curiosidade. Todos que aceitassem deveríam ir ao escritório, então logo fomos, e nem vimos quem mais tinha aceitado o jogo secreto de Lucas. Depois de todos os curiosos no escritório, inclusive Renato e Andréas, não foi nada surpresa saber que o jogo de Lucas era o tradicional verdade ou desafio. Não seria nenhuma novidade os assuntos que sairiam nesse jogo: se a diversão já é tirar das pessoas de quem elas são "afim", com um pouco de vodca correndo no organismo de todas as pessoas, a verdade saíria mais rápida ainda. Então, todos ficaram em forma de círculo, com a garrafa de vodca vazia girando ao meio.
O jogo foi começando, a turma começando a se animar nas perguntas. Eu já tinha caído para perguntar algumas vezes, e tive que responder algumas verdades que não me importavam tanto assim. Mas fora isso nada que surpreendesse. Isso até a hora de Maísa perguntar à Andréas a temida frase "verdade ou desafio?". Depois dele responder verdade, todos estavam curiosos para saber sobre qual seria o assunto. A surpresa foi que EU seria o assunto.
Ela disse: "Ah, já sei! Diga-me o que acha da Mônica. E você a beijaria?" Como assim, do nada, ela falava sobre mim? Fiquei nervosa, principalmente pelo tipo de pergunta. Paralisei, e olhei para ele como se tivesse encarando aquilo como "somente um jogo", sem deixar transparecer meu nervosismo. A resposta foi o que me surpreendeu ainda mais. Depois de um tempo sem saber o que dizer - afinal, a pergunta surpreendera à todos, ele disse: "É, eu a acho linda e com toda certeza ficaria com ela". Com toda a certeza? Definitivamente aquelas palavras me pegaram de surpresa. Não consegui esconder o que sentia, e minha pele clara logo se avermelhou de vergonha. Mas notei que eu não era a única, Andréas também havia ficado rosado. Seria de vergonha também?
Logo várias outras perguntas foram feitas, mas confesso que meus pensamentos continuavam naquela resposta: "Com toda certeza ficaria com ela". Como uma pessoa pode ter tanta certeza num momento desprevinido? À partir de agora, aqueles olhos azuis distantes começavam a chamar a minha atenção.
 

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